O VII
Fórum Internacional de Inovação Tecnológica em Saúde reuniu ontem (12), no
Senado Federal, importantes nomes nacionais e internacionais. Ambiente
regulatório, pesquisas clínicas, qualidade e bioequivalência de medicamentos,
foram pontos destacados no evento
A sétima edição do
evento abriu espaço para um importante debate na área da saúde, com intuito de
ultrapassar barreiras e difundir ideias que possibilitem o desenvolvimento da
inovação no setor, garantindo acesso e qualidade de produtos e serviços à
população. O evento foi realizado no auditório do Interlegis (Senado Federal),
das 9 às 14h, nesta quinta-feira, 12 de novembro, como parte das atividades do
Programa Ação Responsável - que promove a discussão de assuntos prioritários da
agenda do Governo Federal.
Para a presidente
do Instituto Brasileiro de Ação Responsável, Clementina Moreira Alves, a saúde
precisa de uma reinvenção, com investimentos em inovação. “É impossível falar
em soberania de Estado, de desenvolvimento responsável de uma nação, sem
fazermos de fato os investimentos necessários em inovação tecnológica na área
da saúde”, disse ao abrir a mesa de abertura do evento.
“Sabemos que o
atendimento à população na área da saúde é muito precário em nosso país, muito
embora a Constituição estabeleça que é um direito de todos e dever do Estado”,
lembrou o senador Hélio José (PSD/DF). Na ocasião, elogiou o Programa Ação
Responsável pelo debate e o apoio de instituições parceiras - Congresso
Nacional, Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento da Indústria e do
Comércio, Ministério de Ciência e Tecnologia, PNUD, Agência Íntegra Brasil e
Interlegis. “Esse fórum representa contribuição importante para aprimorar a prestação
dos serviços em saúde, pois o Brasil não tem ainda tecnologia e autonomia
suficientes para produzir aparelhos e medicamentos estratégicos que melhorem o
atendimento à população”, articulou.
O
deputado federal Izalci Lucas (PSDB/DF) destacou alguns avanços do Brasil em
inovação, mas lamentou que não se trata de uma prioridade para o país.
“Avançamos. Conseguimos depois de quatro anos a promulgação da PEC 88 - a PEC
da Inovação. Mas não basta. O PL principal que regulamenta essa questão ainda
precisa de aprovação”, explicou. Presidente da Frente Parlamentar de Ciência,
Tecnologia, Pesquisa e Inovação, o parlamentar disse que é impossível fazer
ciência e tecnologia no país com base na atual legislação. “A legislação
presente impede a inovação tecnológica. E na área da saúde estamos defasados.
Precisamos pesquisar mais e transformar conhecimentos em produtos inovadores,
medicamentos e patentes”, defendeu.
Do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o coordenador de Incentivos ao
Desenvolvimento Tecnológico, Aristeu Gomes Tininis ressaltou a importância da
interação entre universidades, empresas, pesquisadores e médicos. “Temos várias
possibilidades de atuação do governo junto às empresas para que elas
desenvolvam pesquisas e se tornem mais competitivas e consequentemente faturem
mais”, argumentou. Segundo ele, a Lei do Bem contou, em 2013 e 2014, com 50
empresas que investiram em pesquisa, no valor de R$ 100 Milhões em todo o
Brasil. “São empresas que desenvolvem desde Dipirona Sódica até empresas que inovam
em equipamentos, como uma que desenvolveu um aparelho de laparoscopia e hoje
exporta para 80 países. Isso nos deixa satisfeitos”, comemorou.
Bruno de Carvalho
Duarte, coordenador-geral das Indústrias Químicas e Transformados Plásticos do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, disse estar
honrado em participar de um fórum que tem como pano de fundo a inserção da
inovação dentro da base produtiva do país como forma de aumentar a
competitividade e ampliar o acesso em saúde. "Há discussão sobre acesso e
há discussão sobre inovação e produtividade. Mas essas questões caminham
juntas, pois se pegamos o déficit comercial da saúde (U$ 11,6 Bilhões em 2013)
e observarmos que mais de 80% desse déficit se refere a produtos de alta
complexidade, vemos que boa parte desse déficit não é só comercial, mas
tecnológico e de conhecimento. Temos que passar a produzir conhecimento mais
profundamente dentro no nosso país. Há desafios, claro, mas há também
potencial”, ponderou.
O diretor do
Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos/MS, Eduardo Jorge abriu a mesa
técnica do Fórum, ressaltando a dificuldade brasileira na execução dos projetos
de pesquisa. “Não adianta a gente fazer ampliações significativas de
investimento na área da saúde se a gente não tiver um marco regulatório, que
permita efetivamente o pesquisador a executar aquele recurso. Além disso, é
preciso trabalhar para que a infraestrutura seja revertida em benefícios
para o cidadão, para uma sociedade melhor, mais justa, com emprego e renda”,
destacou.
Visão internacional
Dentre os nomes
mais aguardados no evento, o presidente do Center
for Medicine in the Public Interest - organização americana de pesquisa
educacional que discute e desenvolve cuidados em saúde focados no paciente -,
Peter Pitts disse que o Brasil é visto como inovador e regulador de liderança.
“A ANVISA merece ser parabenizada pelo trabalho que desenvolve”, destacou. Para
Pitts, a inovação é um processo contínuo, com pesquisa básica e aplicada.
“Temos que pensar a inovação em termos de aquisição e incorporação, com acesso
a medicamentos de forma rápida e segura”. Segundo o médico americano, a
inovação tem seu valor na saúde pública. “Com medicamentos e bons tratamentos
as pessoas vivem mais. Praticamente todo investimento em saúde vale a pena. O
valor da inovação nesse caso é o que ela traz de benefício ao paciente ao longo
de sua vida”, defendeu.
Ainda,
para Pitts os desfechos positivos da inovação são impossíveis sem medicamentos
de qualidade. “Isso nos leva à farmacovigilância do XXI e ao conceito de
bioequivalência", pontuou dizendo que a a droga mais cara é aquela que não
funciona. “A menos que administremos drogas confiáveis estaremos nos enganando",
completou.
Naldo Dantas,
secretário executivo da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das
Empresas Inovadoras fez uma abordagem sobre o conceito de inovação, dizendo que
ela nasce e tem a sua plenitude no mercado. "Esse mercado somos nós, é a
sociedade, são as nossas famílias (...), com anseios, sofrimentos, dores e
problemas - que são as grandes inspirações para a inovação. Ou seja, só haverá
inovação se esses problemas forem resolvidos na prática". Para Naldo, o
Governo, neste sentido, exerce papel de equilíbrio entre as aspirações e do que
é possível fazer, dando os limites do razoável dentro do processo de inovação.
Diretor do
Departamento de Anatomia Patológica Do Hospital A.C. Camargo e professor
titular de Patologia Geral da FOUSP, o médico Fernando Augusto Soares defendeu
a inovação sob o olhar da medicina personalizada. “A aplicação eficiente da
medicina personalizada tornará os procedimentos cada vez mais complexos à
medida que mais se aprende sobre os mecanismos moleculares das neoplasias”,
resumiu. Ainda, para Soares, os patologistas podem exercer papel central e
crítico como condutores da terapia personalizada através da determinação dos
perfis tumorais que sejam essenciais para as decisões terapêuticas. “Essa
padronização e o controle de qualidade são urgentes”, finalizou.
Da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA), o gerente de Segurança e Eficácia de
Medicamentos, Claudiosvam Martins Alves Sousa
disse que o trabalho da regulação é uma tarefa árdua, apesar de muitas
vezes ser reduzida a mera burocracia. “O grande desafio da inovação na
regulação está em como permitir fazer um trabalho rápido sem abrir mão da
qualidade, segurança e eficácia e, principalmente, com limitação de pessoas,
servidores e recursos”, destacou. Sobre parcerias completou que a regulação
deve ser construída por várias mãos, sinergia entre todos os autores.
O VII Fórum
Internacional de Inovação Tecnológica em Saúde contou com moderação do diretor
geral da Sanofi Pasteur - Divisão de Vacinas do Grupo Sanofi Brasil, Hubert
Guarino. "Este evento contribuiu mais uma vez para a reflexão do “porque”
e do “como” o Brasil tem que integrar a inovação em saúde para melhorar
efetivamente a qualidade de vida de sua população", pontuou, na ocasião.
Serviço: VII Fórum
Internacional de Inovação Tecnológica em Saúde
Evento realizado: dia 12 de novembro, das 9 às 14h
Local: Auditório Antônio Carlos Magalhães no Interlegis (Senado Federal – Via N2)
Evento realizado: dia 12 de novembro, das 9 às 14h
Local: Auditório Antônio Carlos Magalhães no Interlegis (Senado Federal – Via N2)
Mais
informações: www.acaoresponsavel.org.br, seminarios@acaoresponsavel.org.br e (61) 3368-6044 e
3468-5696
Realização: Instituto Brasileiro de Ação Responsável
Patrocínio: MSD, AstraZeneca, Sanofi Medley e Novartis
Realização: Instituto Brasileiro de Ação Responsável
Patrocínio: MSD, AstraZeneca, Sanofi Medley e Novartis